sábado, 11 de março de 2017

20170311_Hegel_Princípios da Filosofia do Direito_par 21

G. W. F. Hegel

Princípios da Filosofia do Direito.

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21 - Ora, a verdade deste universal formal, que é indeterminado para si e só na matéria encontra a sua específica determinação, é o universal que a si mesmo se determina, a vontade, a liberdade. 

A partir do momento em que o conteúdo, o objeto e o fim do querer passam a ser ele mesmo, o universal, como forma infinita, o querer deixa de ser apenas a vontade livre em si, para ser também
a vontade livre para si: é a Ideia em sua verdade.


  • PC = O momento de nossa tomada de consciência de nós mesmos como algo mais que uma massa de carne se deslocando pelo planeta, e cheia de ilusões inúteis.



Nota - A consciência de si da vontade enquanto desejo e instinto é sensível e, como todo o sensível, significa a exterioridade e, por conseguinte, a exterioridade para si da consciência de si. 

A vontade reflexiva contém o duplo elemento sensível e universal do pensamento; a vontade que existe em si e para si tem por objeto a mesma vontade como tal, quer dizer, ela mesma em sua 
universalidade. 

A universalidade é precisamente isso de a imediateidade da natureza e da particularidade que se lhe acrescenta, quando produzidas pela reflexão, serem nela ultrapassadas. Tal supressão e tal passagem ao plano do universal é o que se chama a atividade do pensamento.


  • PC - Só através de um trabalho do Pensamento (Espirito) somos capazes de chegar a um conhecimento de nós mesmo. Capazes de colocar no microscópio nosso espírito, nosso Ser.



A consciência de si que purifica o seu objeto, o seu conteúdo e o seu fim e o ergue àquela universalidade atua como pensamento que se estabelece na vontade. 

Eis o momento em que se torna evidente que a vontade só é verdadeira vontade como inteligência que pensa. 

O escravo não conhece a sua essência, a sua infinitude, a sua liberdade, não se conhece como essência e, portanto, não se conhece, não pensa. Esta consciência de si que se apreende como essência pelo pensamento e assim se separa do que é contingente e falso constitui o princípio do direito, da moralidade subjetiva e objetiva.


Os que, ao falarem filosoficamente do direito e da moralidade subjetiva e objetiva, querem afastar o pensamento desse domínio e nos remetem para o sentimento, para o coração, para o furor e o 
entusiasmo mostram-nos como é profundo o desprezo em que caíram o pensamento e a ciência, pois a própria ciência sucumbe de desespero e lassidão e aceita como princípio a barbárie e a ausência de pensamento; tanto quanto pode, arrebata, então, ao homem tudo o que seja valor, dignidade e verdade.

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Minha leitura ou explicação:
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A luta de Hegel é a primazia da Razão. De Hegel e dos pensadores após o Iluminismo.

O Pensamento é tudo.

Segundo o que entendi o espírito chega à Universalidade; a ela eu chamo de Leis Naturais. Tal qual Kardec. 

E quanto mais esse espírito se aproxima das Leis Naturais, mais ele as aprende e apreende. 

Esse processo o leva a uma integração com essas leis, e dessa forma passa a viver segundo elas. Elas são parte dele.


  • PC - Lembrar que Paulo disse: "O cristão está acima das Leis." Mas longe dele ver seus seguidores desprezando Leis. Mas estavam de tal forma integrados a elas que elas não lhes significavam um tolhimento das ações. As viviam em seu dia a dia.


Se pensarmos como Hegel, que Deus existe, essas Leis Naturais são a emanação de Sua Essência. E quanto mais nos apropriamos dessas Leis Naturais, mais nos apropriamos do próprio Deus e de sua essência nos nossos atos. Repito, nos nossos atos.

Essa aproximação tem apenas um pressuposto: a construção da consciência de Liberdade dentro de nós.

Se somos submersos na materialidade estamos distantes da espiritualidade que, em última instância é o próprio Deus. 

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Nota: 

      Minha leitura é apenas uma das milhares de leituras abertas para a obra de Hegel.
      Demora um pouco. Mas todos nós somos capazes de ler e apreender o Mestre Hegel.
      Por favor não tome minha leitura como verdadeira ou como a verdade.
      Isso não existe. Busque a sua leitura. Com calma.
      Desde 2007 velho bebendo das águas de Hegel. E não dei conta, ainda, da sua profundidade toda.
      Não tema. Leia com calma e tudo ficará claro. Um pouco cada dia e cada dia a visão se amplia.
       CORAGEM! Emoções os esperam.

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Paulo Cesar Fernandes.

11/03/2017.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

20160113 Hegel detonando







"Fenomenologia do Espírito" 
Volume 1

C - A individualidade que é para si real em si e para si mesma, 244
a. O reino animal do espírito e a impostura, ou a Coisa mesma, 246
b. A razão legisladora, 260
c. A razão examinando as leis, 264

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Nos dois itens trazidos Hegel, através da lógica vai destruindo o cerne de afirmações tidas por Verdades Universais.
Nada disso, se você tiver tempo para ler. 

É uma leitura complexa, eu admito.
Mas vale a pena passar os olhos.

Ontem, no programa "Provocações" Abu entrevistava Vladimir Safatle, e este disse ter ouvido de um professor ou coisa assim:
"Quem chega a Hegel jamais sai dele."

Não sou hegeliano e não sou nada de nada.
Mas alguns espíritos e suas obras merecem respeito. Hegel está entre eles.
Vamos lá!

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b - A RAZÃO LEGISLADORA


424 - [Jeder soll die] "Cada um deve falar a verdade." Nesse dever que se enuncia como incondicionado vai-se logo admitir a condição: "se souber a verdade". O mandamento, pois, será agora assim enunciado: Cada um deve falar a verdade, sempre segundo seu conhecimento e convicção a respeito dela. A sã razão, justamente essa consciência ética que sabe imediatamente o que é justo e bom, explicará também que esta condição já estava de tal modo unida à sua máxima universal que ela sempre assim entendeu aquele mandamento. Mas dessa maneira admite que, de fato, ao
enunciar a máxima já a infringe, imediatamente. Dizia: "cada um deve falar a verdade"; mas entendia: "de acordo com seu conhecimento e convicção sobre ela"

Isto é, falava uma coisa e entendia outra; ora, falar diversamente do que se entende, significa não falar a verdade. Uma vez corrigida a inverdade ou a inabilidade, a máxima agora assim se exprime: "Cada um deve falar a verdade conforme o conhecimento e a convicção que dela tenha em cada caso." Mas, com isso, a necessidade universal, o válido em si que a máxima queria enunciar, se inverte antes numa completa contingência.

Com efeito: que a verdade deva ser dita, depende de uma contingência: se é que eu conheço; se é que estou convencido a respeito. [Assim] não se enuncia nada mais do que isto: que se deve dizer o verdadeiro e o falso misturados, conforme suceda que alguém os conheça, entenda ou conceba. 

Essa contingência do conteúdo tem a universalidade só na forma de uma proposição, sob a qual se expressa; porém como máxima ética promete um conteúdo universal e necessário e assim contradiz a si mesma pela contingência do conteúdo. Finalmente, se a máxima for corrigida [dizendo] que se deve evitar a contingência do conhecimento e da convicção acerca da verdade, e que a verdade deve também ser conhecida - isso seria um mandamento que contradiz frontalmente o ponto de partida. Primeiro, a sã razão devia ter imediatamente a capacidade de enunciar a verdade; mas 
agora se diz que devia sabê-la. 

Quer dizer: a sã razão não sabe exprimi-la imediatamente. Considerando do lado do conteúdo, esse então é descartado na exigência de que se deve conhecer a verdade, posto que tal exigência se refere ao saber em geral: "deve-se saber". Portanto o que é exigido é algo que está, antes, livre de todo conteúdo determinado. Ora, o que estava em questão aqui era um conteúdo determinado, uma diferença na substância ética. Só que essa determinação imediata da substância ética é um conteúdo que se manifesta como uma completa contingência; e ao ser elevado à universalidade e à necessidade - de modo que o saber seja enunciado como lei - antes desvanece.



425 - [Ein anderes berühmtes] Outro mandamento famoso é: 
"Ama o próximo como a ti mesmo". É dirigido ao indivíduo em relação aos indivíduos; a relação é afirmada como do singular para com o singular, ou como uma relação de sentimento. O amor ativo - pois o inativo não tem ser nenhum e portanto não está em questão - visa afastar o mal de um homem e lhe trazer o bem. 

Para esse efeito é preciso distinguir o que é o mal para o homem, e qual é o bem apropriado contra esse mal; e em geral, o que é sua felicidade.

Quer dizer: devo amar o próximo com inteligência, um amor ininteligente talvez lhe faria mais dano que o ódio.

Mas o bem-fazer essencial e inteligente é, em sua figura mais rica e mais importante, o agir inteligente universal do Estado.

Comparado com esse agir, o agir do indivíduo como indivíduo é, em geral, algo tão insignificante que quase não vale a pena falar dele. Aliás, aquele agir é de tão grande potência que se o agir singular se lhe quisesse opor - ou ser exclusivamente para si no delito, ou então por amor a outrem - defraudando o universal quanto ao direito e à parte que lhe cabe no singular, isso seria totalmente inútil e irresistivelmente destruído.

Resta ao bem-fazer, que é sentimento, apenas a significação de um agir inteiramente singular: uma assistência que é tão contingente quanto momentânea. O acaso não só determina a ocasião da obra, mas determina também se é uma obra em geral, se ela não volta a dissolver-se logo, e mesmo a converter-se em mal. Assim, esse agir em benefício dos outros, que se enuncia como necessário, é de tal modo constituído que talvez possa existir, talvez não; e que, se a ocasião se oferece fortuitamente, pode ser uma obra, talvez boa, talvez não.

Com isso essa lei tem um conteúdo tão pouco universal quanto a primeira já analisada, e não exprime algo em si e para si - como deveria, enquanto lei ética absoluta. Vale dizer: tais leis ficam somente no dever-ser, mas não têm nenhuma efetividade: não são leis, mas apenas mandamentos.


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Nota: 

Quando Hegel fala de Estado, não pense no que conhecemos. 

O Estado de Hegel é o Estado Ideal, onde todos são verdadeiros cidadãos, e o governante serve aos cidadãos dentro de seus limites.

Isto feito, uma observação:

Os discursos todos, ouvidos ao longo do tempo, não são apenas formas de nos dominar mais facilmente?

São dúvidas que me assaltam, exatamente por não acreditar em nada mais, apenas na dúvida.


Paulo Cessar Fernandes.

13/01/2016.

domingo, 27 de setembro de 2015

20150927 Presença do conceito do espírito





Presença do conceito do espírito


Nos anteriores 175 itens se demonstra da sensibilidade do ser e de sua relação com os objetos (Entes) do mundo.

Como se dá esse fenômeno. Desmembramentos. Distinções de propriedades.

Muito complexo esse texto. Mil limitantes encontrei. E não sei se dei conta. Mas neste ponto sei o que se apresenta.

Me fascina ser um texto de 1807, quando Hegel, após ter dados seu curso na Universidade de Jena o apresenta ao mundo.

Note bem que apenas 50 anos mais tarde Allan Kardec lançaria " O Livro dos Espíritos". 

A morte de Hegel por cólera em 1831 me leva a crer, sendo apenas uma crença mesmo, na participação deste na equipe de Allan Kardec. Isto pelo fato das ideias apresentadas por Kardec serem apenas uma simplificação do arcabouço teórico de Hegel.


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Hegel

Fenomenologia do Espírito



176 - [In diesen drei] Nesses três momentos se completa o conceito da consciência-de-si:

a) O puro Eu indiferenciado é seu primeiro objeto imediato.  [Aqui temos o Ser, Alma ou espírito.]


b) Mas essa imediatez mesma é absoluta mediação: é somente como o suprassumir do objeto independente; ou seja; ela é desejo. A satisfação do desejo é a reflexão da consciência-de-si sobre si mesma, ou a certeza que veio-a-ser verdade. [Aqui encontramos a corporeidade, o corpo, o espírito encarnado.]


c) Mas a verdade dessa certeza é antes a reflexão redobrada, a duplicação da consciência-de-si. A consciência-de-si é um objeto para a consciência, objeto que põe em si mesmo seu ser-outro, ou a diferença como diferença de-nada, e nisso é independente. [O espírito, encarnado ou desencarnado mas ciente de si. Consciente de sua existência.]

A figura diferente, apenas viva, suprassume sem dúvida no processo da vida mesma, sua independência, mas junto com sua diferença cessa de ser o que é. Porém o objeto da consciência-de-si é também independente nessa 

negatividade de si mesmo e assim é, para si mesmo, gênero, universal fluidez na peculiaridade de sua distinção: é uma consciência-de-si viva.



[O item seguinte tratará do conceito do espírito como Liberdade e Independência.]

177 - [Es ist ein] É uma consciência-de-si para uma consciência-de-si. E somente assim ela é, de fato: pois só assim vem-a-ser para ela a unidade de si mesma em seu ser-outro. O Eu, que é objeto de seu conceito, não é de 

fato objeto. Porém o objeto do desejo e só independente por ser a substância universal indestrutível, a fluida essência igual-a-si-mesma. Quando a consciência-de-si é o objeto, é tanto Eu quanto objeto.


Para nós, portanto, já está presente o conceito do espírito


Para a consciência, o que vem-a-ser mais adiante, é a experiência do que é esse espírito: essa substância absoluta que na perfeita liberdade e independência de sua oposição - a saber, das diversas consciências-de-si para si essentes - é a unidade das mesmas: Eu, que é Nós, Nós que é Eu.


A consciência tem primeiro na consciência-de-si, como no conceito do espírito, seu ponto-de-inflexão, a partir do qual se afasta da aparência colorida do aquém sensível, e da noite vazia do além supra-sensível, para entrar no dia espiritual da presença.


[para entrar no dia espiritual da presença  =>  isto significa que o espírito É. Só.]

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Os negritos do texto são todos meus.

Paulo Cesar Fernandes

27/09/2015

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

20150813 Hegel Princípios da Filosofia do Direito A Família

Hegel  

Princípios da Filosofia do Direito  

Editora Martins Fontes




PRIMEIRA SEÇÃO


A Família


158 - Como substancialidade imediata do espírito, a família determina-se pela sensibilidade de que é una, pelo amor, de tal modo que a disposição de espírito correspondente é a consciência em si e para si e de nela existir como membro, não como pessoa para si.


159 - O direito que pertence ao indivíduo em virtude da unidade familiar e que é, primeiro, a sua vida nessa unidade só adquire a forma de um direito como momento abstrato da
individualidade definida quando a família começa a se decompor e aqueles que devem ser os seus membros se tornam, psicológica e realmente, pessoas independentes. O que eles traziam à família e era apenas um momento constitutivo do todo, recebem-no agora no isolamento, quer dizer, só segundo aspectos exteriores (fortuna, alimentação, despesas de educação, etc.).


160 - A família realiza-se em três aspectos:


a) Na forma do seu conceito imediato, como casamento;


b) Na existência exterior: propriedade, bens de família e cuidados correspondentes;


c) Na educação dos filhos e na dissolução da família.


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Uma das mais importantes instâncias sociais tratada com toda seriedade pelo nosso filósofo.

O autor apenas prevê a dissolução da família no caso de seus membros dela se afastarem em  virtude do casamento; para formar outra família.

Novas vertentes para o mesmo conceito surgem a cada período; o que não invalida o pensamento de Hegel. Pelo menos no trecho acima nada vemos que contraponha às novas conformações familiares do atual momento.


Paulo Cesar Fernandes

13/08/2015

sexta-feira, 17 de julho de 2015

20150717 Hegel_Fenomenologia_10 e 11






10 - [Noch weniger muss] Ainda tem menos razão essa temperança que renuncia à ciência, ao pretender que tal entusiasmo e desassossego sejam algo superior à ciência. Esse falar profético acredita estar no ponto central e no mais profundo; olha desdenhosamente para a determinidade (o horos) e fica de propósito longe do conceito e da necessidade, como da reflexão que reside somente na finitude. 

Mas, como há uma extensão vazia, há também uma profundidade vazia; como há uma extensão da substância que se difunde numa diversidade finita sem força para mantê-la unida, assim há uma intensidade carente-de-conteúdo que, conservando-se como força pura e sem expansão, é idêntica à superficialidade. 

A força do espírito só é tão grande quanto sua exteriorização; sua profundidade só é profunda à medida que ousa expandir-se e perder-se em seu desdobramento.

Da mesma maneira, quando esse saber substancial, carente-de-conceito, pretende ter mergulhado na essência a peculiaridade do Si, e filosofar verdadeira e santamente, está escondendo de si mesmo o fato de que - em lugar de se ter consagrado a Deus, pelo desprezo da medida e da determinação - ora deixa campo livre em si mesmo à contingência do conteúdo, ora deixa campo livre no conteúdo ao arbitrário. Abandonando-se à desenfreada fermentação da substância, acreditam esses senhores - por meio do velamento da consciência-de-si e da renúncia ao entendimento - serem aqueles
"seus" a quem Deus infunde no sono a sabedoria. Na verdade, o que no sono assim concebem e produzem são sonhos também.



11- [Es ist übrigens] Aliás, não é difícil ver que nosso tempo é um tempo de nascimento e trânsito para uma nova época. O espírito rompeu com o mundo de seu ser-aí e de seu representar, que até hoje durou; está a ponto de submergi-lo no passado, e se entrega à tarefa de sua transformação. 

Certamente, o espírito nunca está em repouso, mas sempre tomado por um movimento para a frente. Na criança, depois de longo período de nutrição tranquila, a primeira respiração - um salto qualitativo - interrompe o lento processo do puro crescimento quantitativo; e a criança está nascida.

Do mesmo modo, o espírito que se forma lentamente, tranquilamente, em direção à sua nova figura, vai desmanchando tijolo por tijolo o edifício de seu mundo anterior. Seu abalo se revela apenas por sintomas isolados; a frivolidade e o tédio que invadem o que ainda subsiste, o pressentimento vago de um desconhecido são os sinais precursores de algo diverso que se avizinha. Esse desmoronar-se gradual, que não alterava a fisionomia do todo, é interrompido pelo sol nascente, que revela num clarão a imagem do mundo novo.

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Em primeiro lugar  eu quero afirmar a poética do texto. Escrito entre 1806 e 1807, aos seus 36 anos, não perde a poética da juventude quando foi colega de turma de Hölderlin, este sim se fez poeta de expressão nacional na Prússia que veio a ser mais tarde a  Alemanha. Mas... 


De que trata nesses parágrafos o Professor?


Segundo pude perceber, da incessante aquisição de conhecimentos do Ser, a ocorrer no Tempo e no Espaço. Um processo que se aprofunda no ousar do Ser. Quando este se arroja numa busca de Si Mesmo e do próprio desenvolvimento (...ousa expandir-se e perder-se em seu desdobramento.). 


Todo esse processo não tem um estipulado tempo. Ocorre, num determinado momento, o Ser ter uma visão mais ampla e clara de Si e de tudo ao seu redor. É capaz de formular e reformular conceitos. Chegou ao ponto da maturidade. Talvez o que as doutrinas orientais chamem de Sabedoria.


Para mim a sabedoria tem uma outra característica. É composta pelo domínio das Leis ou Ciências da Natureza (física; biologia; química; etc.) e pelo elemento da Eticidade, o agir dentro de éticos parâmetros.


A Maturidade para Hegel, segundo compreendi, tem como premissa o desenvolvimento amplo da Razão.


Paulo Cesar Fernandes

17/07/2015

quarta-feira, 1 de julho de 2015

20150701 Maturação da religião




Houve primeiro as religiões da natureza: "O espirito ainda está em umidade com a natureza... a divindade é em toda a parte o conteúdo; mas aqui é Deus na unidade natural do espiritual e do 
natural; o modo natural é o que determina essa forma religiosa".


A esta fase pervencem a magia direta ou indireta, e a antiga religião da China, a do Tao. Esta última já representa um progresso, visto que aflora aí, no seio das superstições mais comuns, a presença de uma entidade universal.


As religiões que Hegel designa como religiões da substancialidade formam o segundo estágio desse primeiro momento: budismo e bramanismo são analisados. O terceiro estágio é o da subjetividade 
abstrata: a divindade se dissocia da substancialidade e se concebe como princípio espiritual, como Bem que se opõe à exterioridade natural e triunfa - é a vitória de Ormuzd, a luz, sobre Ahriman, as trevas, no culto dos parses —; com a religião egípcia, o princípio se torna representação ou, melhor ainda, símbolo. Assim:


A história de Osíris... é a história interior essencial do ser natural da natureza do Egito, que compreende o sol, sua trajetória o Nilo, o princípio da fecundação e o princípio da mudança da transformação. A história de Osíris é, em conseqüência, a do sol. Este se eleva até seu ponto culminante, depois volta para trás. Os raios, sua força exaurem-se, mas após esse esgotamento, esse enfraquecimento, ele recomeça a elevar-se, e  renasce. 

Osíris significa o sol, e o sol, Osíris O sol é compreendido como movimento circular, e o ano como um sujeito percorrendo espontaneamente esses diversos estados.

Em Osíris, a natureza é compreendida de modo a simbolizar Osíris. Osíris é o Nilo que se avoluma fecunda tudo, transborda, e torna-se pequeno e fraco com o calor — e aqui representa o principio nefasto — mas que em seguida recupera suas forças. O sol, o ano e o Nilo são compreendidos como movimento circular, retornando sobre si mesmo. Os diferentes aspectos dessa trajetória são representados como momentos independentes, como deuses particulares que simbolizam cada um deles um aspecto, um momento dessa trajetória É correto dizer que o Nilo é o princípio interior, que o sol, bem como o Nilo significam Osíris, e que os outros deuses são divindades do calendário. 



Essa forma primordial, mas exterior, de existência, é expressa na obra de arte, nessas construções grandiosas e maciças edificadas pela comunidade. Porém, como subjetividade permanece nela no 
estágio abstrato da representação, ela mal consegue se desprender da substancialidade natural; não tendo uma consciência clara de si, manifesta-se na "linguagem muda dos monumentos de pedra". O 
que ela oferece é um enigma:



A inscrição no templo da deusa Neith no Baixo-Egito se enuncia assim: 'Eu sou o que foi, o que é, o que será; nenhum mortal ergueu ainda meu véu, o fruto de meu corpo é Hélio.' Esse ser ainda oculto proclama a claridade, o sol, a consciência clara de si mesmo; o sol espiritual como o filho que nascerá dele.
É essa claridade realizada pelas formas religiosas que devemos examinar agora, isto é, a religião da beleza, ou religião grega, e a religião do sublime, ou religião judia. O enigma aí se acha resolvido; um mito significativo e admirável nos mostra a esfinge morta por um grego, e o enigma é assim decifrado: o conteúdo é o homem, o espírito livre que se conhece.


O segundo estágio da religião determinada (ou étnica) vai levar a cabo a cisão do natural e do espiritual; distingue-os seja para rejeitar a natureza ao lado do nada, para fazer da divindade a única realidade, seja para recombiná-Ias conscientemente, na beleza, sob a própria égide do homem. O judaísmo, de um lado, o helenismo e sua repercussão romana, do outro, constituem os momentos dessa religião da espiritualidade abstrata. Na análise que consagrou a isso, Hegel reorganiza todos os materiais de seus trabalhos de juventude. Mostra como cada um desses povos desenvolveu,
abstrata e unilateralmente, um dos dois aspectos que vão permitir a manifestação da religião absoluta O judaísmo compreendeu a divindade como realidade e liberdade infinitas, infinitamente à 
distancia do homem; mas este foi entregue à sua finitude culpada; os gregos compreenderam a necessidade da mediação; conceberam-na como se dando somente na equivoca infinitude da obra de arte (ou da obra política particular); quanto ao verdadeiro infinito, eles o abandonaram ao mistério do Destino. A romanidade recolhe essa concepção e, mais abstratamente ainda, desenvolve-a, preparando, 
pela sua aspiração universalista, o caminho do cristianismo, mas a ele se opondo também, em razão da visão abstrata e superficial que ela tem do homem e da divindade.


Assim, "durante milhões de anos, o trabalho do Espírito consistiu em realizar a noção da religião. e jazer dela o objeto da consciência". O que é a Religião em sua essência, o que é Deus, e como deve ser conhecido, doravante o sabemos. A história do pré-cristianismo e a do cristianismo nos informam. Dito dessa forma, parece afinal que esse conhecimento da religião (e de Deus) constitui e próprio Saber absoluto. Hegel não declara guerra aos pensadores do Aufklarung (Iluminismo), que conceberam todas as religiões primitivas como superstições, que criticaram a fé em nome das "luzes", e tentaram, contra todo bom senso, elaborar um substituto para esse conteúdo concreto: a realidade do culto, os quadros vazios da "religião natural"? Não escreve ele que


o Aufklarung (Iluminismo), essa presunção do entendimento, é o adversário mais virulento da Filosofia; não entende quando esta mostra o que está certo na religião cristã, quando faz ver que o testemunho do espírito da verdade está depositado na Religião. É por isso que a Filosofia deve mostrar a Razão contida na Religião?


Não determina, um pouco mais à frente, que


a filosofia oferece asa reconciliação (entre a Religião e a Filosofia); nesse sentido, é uma teologia, apresenta a reconciliação de Deus consigo mesmo e com a natureza estabelecendo que a natureza, a alteridade, é em si divina e que o espírito finito deve em si mesmo elevar-se à reconciliação, realirá-la na História universal. Essa reconciliação é a paz divina que não é superior a qualquer razão, mas que é conhecida pensada e reconhecida como verdadeira, divina por meio da razão?



Surge aqui, seguramente, o problema do ateísmo de Hegel! Essa questão se complicou ainda mais depois que marxistas e antimarxistas a associaram, na maioria das vezes inabilmente, com a questão de sua atitude política. Na verdade, a única questão á qual se pode tentar responder legitimamente é essa — que deixa de lado as disposições subjetivas de G.W.F. Hegel, cujo interesse é apenas 
anedótico —: Podemos considerar que existe no sistema hegeliano coincidência ame a religião que conseguiu alcançar o conhecimento de si e o Saber absoluto? A resposta é evidentemente positiva. Os 
textos estabelecem a validade dessa equação: Religião corretamente conhecida = Saber absoluto. Mas é aqui, precisamente, que se introduz a diferença, que é fundamental: o status da Religião é a imediatidade do Ser em si e para si. A religião consuma mesmo que desenvolvesse, como teologia, por exemplo, demonstrações fundadas na mais elevada reflexão, permanece no imediato. Ela não poderia se conhecer corretamente. Desde o momento em que se conhece como convém, perde sua imediatidade, deixa de ser ela mesma: toma-se Ciência filosófica.


Como salienta admiravelmente A. Kojève, o plano da Fenomenologia do espírito sofre, no capítulo VII, uma distorção inesperada. Enfim, tudo se consuma no fim do capítulo VI, consagrado à dialética da "bela alma", para que advenha o Saber absoluto. Nesse exato momento há uma mediação suplementar: o capitulo intitulado "Religião", que analisa as "ideologias históricas". E este capítulo é necessário: o homem da "bela alma", que foi superado, permanece abstrato; está fora da comunidade ética; aquele que deseja se lembrar do passado da humanidade para compreender, através do que se tomou, o que é o Espírito — projeto explicito da Fenomenologia do espírito — deve conhecer a progressão inconsciente que se exprime na Arte e na Religião. Arte e Religião têm por função — no cerne do empirismo lógico-histórico de Hegel — evidenciar o fato de que, ao lado das "ideologias" filosóficas e a um nível mais profundo, sem dúvida, o Pensamento desenvolve Inconscientemente, por assim dizer, suas figuras.


É isso que desconhece o Aufklarung (Iluminismo), que, absurda e arbitrariamente, considera inessencial tal forma de arte ou tal conteúdo religioso. A Arte e a Religião têm a verdade. São o caminho do Espírito, do Ser em si para si. Chegamos ao fim. O caminho, pelo qual era preciso passar, foi deixado pata trás. É sobretudo um caminho, não uma parada. Salientou-se muitas vezes — para indignar-se com ele — o pessimismo profético que Hegel manifesta em relação á Arte:


Respeitamos a Arte, a admiramos; apenas não vemos mais nela alguma coisa que não possa ser superada a manifestação intima do Absoluto, nós a submetemos à análise de nosso pensamento, e isso não com a intenção de instigar a criação de obras de arte novas, mas sobretudo com a finalidade de reconhecer a função da Arte e seu lugar no conjunto de nossa vida.

Os belos dias da arte grega e da era de ouro da Idade Média avançada se acabaram. As condições gerais do tempo presente não são muito favoráveis à Arte. O artista não está apenas desconcertado e contaminado pelas reflexões que ouve formular cada vez mais alto em torno de si, pelas opiniões e pelos juízos vigentes sobre a Arte, mas toda nossa cultura espiritual é de tal ordem que lhe é impossível, mesmo com um esforço de vontade e decisão, abstrair-se do mundo que se agita ao seu redor e das condições em que se encontra inscrito, a não ser que refaça sua educação e retire-se deste mundo, numa solidão em que possa reencontrar seu paraíso perdido.

Sob estes relatos, a Arte continua sendo para nós, quanto à sua suprema destinação, uma coisa do passado. Por isso, perdeu para nós tudo o que tinha de autenticamente verdadeiro e vivo, sua realidade e sua necessidade de outrora, e se encontra agora relegada à nossa representação.


A Religião está na mesma situação, mas em um nível superior. Também é uma coisa passada. Não façamos uso, de uma maneira que seria insultuosa, aliás, do pensamento de Nietzsche — que se situava numa perspectiva diferente —. da expressão de Hegel que citamos poucas páginas atrás. "Deus está morto". Quem viu alguma vez um conceito morrer? Deus, síntese imediata do Ser em si e para si, do finito e do infinito, deve ser colocado em seu lugar na ordem do Saber, como síntese imediata, isto é, parcial. Devemos resolver isso: o sistema hegeliano — o mesmo se dará mais tarde, com outras legitimações, com a ciência de Marx — não é sequer ateu. O Saber absoluto está, decididamente, além das oposições abstratas da metafisica.


Em suma, a tarefa da Ciência filosófica é, como indicam em seu último parágrafo as Lições sobre a filosofia da religião, mostrar "que ainda existe verdade na religião", e estabelecer "que nela se 
encontra razão".


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Iniciando nas formas naturais de Religião faz uma trajetória do processo. 

As ideias de Hegel se unem ao dito por Carl Gustav Jung em "Civilização em Transição" ao tratar do que ele chama de primitivos. A esses povos chamo de Povos Originários, pois são os povos já habitantes das terras quando os invasores chegaram. Erra ainda Jung por seu Eurocentrismo.

Mas admite que as práticas dos Povos Originários são perfeitamente válidas ao tratar de fenômenos acausais (sem causa definida). A Racionalidade Ocidental desconsidera tais elementos acausais. Ao passo que tais povos em tudo percebem um encadeamento possível. E muitas vezes correto.


Neste fragmento de texto, Hegel questiona a Arte e a Religião; questiona o Iluminismo, mas acaba por reafirmar o valor  da Religião e da Arte. Finaliza com uma afirmativa contundente: "Existe ainda verdade na Religião, pois nela se encontra a Razão".


Trago a posição de Hegel o que não significa necessariamente minha adesão a seu pensar nesse aspecto


Paulo Cesar Fernandes

01/07/2015

Nota: Os trechos em vermelho, como citação são os trechos que Chatelet traz das obras de Hegel.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

20150629 Deus para Hegel

Deus para Hegel









As atividades religiosas


A estética hegeliana é uma filosofia da Arte. A análise da Religião se coloca na mesma ótica. Como a Arte, a Religião é da ordem do em si para si. Mais precisamente até, como nos adverte a 
Fenomenologia do espírito, a atividade religiosa é a do Espírito em si pra si apreendendo-se em sua imediatidade. As Lições sobre a filosofia da religião — como a Estética — definem, ao mesmo
tempo, o universal, a essência e as manifestações particulares que são sua realização progressiva e dramática. Há uma essência da Religião que tem seu status na ordem do Espirito e cujos momentos
de constituição interna podem ser reencontrados a cada nível de seu desenvolvimento. Mas essa essência só se realiza e se compreende em relação com o devir do próprio Espírito na multiplicidade de suas determinações.


Assim, a Religião, na sua generalidade, deve ser apreendida quer como momento do Espírito, quer nas suas manifestações particulares, como expressão da cultura que, aos poucos, chega à compreensão de si mesma A religião grega, por exemplo, ocupa seu verdadeiro lugar na Ciência apenas na medida em que é discernida, ao mesmo tempo, como uma etapa (na qual devia permanecer e que devia superar, em breve, a atividade religiosa como tal, em seu empreendimento de construção de si) e como manifestação do Espírito (quando se encontrava na Grécia e no mesmo momento estava presente em Fidias, Sófocles, Tucidides e em Sócrates). O que estudaremos no capítulo final, como sendo o empirismo hegeliano, atinge aqui — assim como nas Lições sobre a história da filosofia, que não teremos a ocasião de retomar - sua apresentação mais elevada e sutil.


A Religião é da ordem do Espírito: não é dele o exterior, o contingente, o excedente, e menos ainda a superação ou a verdade.


Nem o Aufklarung (Iluminismo); que quis substituir a tradição por uma "teologia natural", fundada muna análise racional do conceito do Ser infinito, nem o sentimentalismo religioso, consolidando-se na paixão desenvolvida pela consciência de si quando percebe sua finitude e aspira ao além, permitem compreender o fato religioso. Um e outro, aliás, provam sua carência, pois continuam discutindo, com argumentos e golpes de força, aquilo mesmo que está no fundamento da religião: a existência de Deus.


Não há por que rejeitar as provas da existência de Deus: a esse respeito, a demonstração kantiana recorreu ao trabalho abstrato do entendimento. Para o Espírito, quando está na imediatidade do em
si e para si, Deus existe. O Espirito então se pensa ele mesmo e a consciência de si que se pensa nele experimenta sua infinita liberdade. Foi isso que Descartes estabeleceu com a maior clareza.
A critica de Kant não alcança seu objetivo: indica apenas a incapacidade do pensamento analítico de apreender a adequação necessária que se estabelece entre o Ser e o Pensamento. A Crítica
da razão pura é, no fundo, apenas a negação abstrata da metafisica tradicional: não vê que é, exatamente, o argumento dito ontológico que temos de aceitar se quisermos dar ao projeto filosófico toda a sua significação.


O pressuposto de toda filosofia da Religião é que Deus existe.


Argumentar sobre isso é irrisório. E recusar o fato das religiões o é mais ainda. Resta mostrar como, através destas últimas, a concepção de Deus se precisa e se institui. Somente analisando-a
poderemos pôr a Religião e as religiões no lugar que convém à essência daquela e ás particularidades destas.


Assim como o Belo é o objeto da Arte, Deus é o objeto da Religião. Deus é "o absolutamente incondicionado, bastando-se a si mesmo, existindo por si mesmo, o começo e o fim derradeiro absolutos em 
si e para si''. Quanto à religião, "ela representa o espírito absoluto não apenas pela intuição e pela representação, mas também pelo pensamento e pelo conhecimento. Sua destinação capital é elevar o indivíduo ao pensamento de Deus, provocar sua união com Ele e assegurá-lo dessa unidade". Essas definições, porém, são demasiado gerais. Determinam a função da religião que é para todos os homens: não é a filosofia, que não é para todas os homens. A religião é a maneira pela qual todos os homens se conscientizam da verdade, e alcançamos isso pelo sentimento, pela representação
e pelo pensamento racional. A noção de religião deve ser considerada em relação a essa maneira geral pela qual a verdade chega ao homem.


Para chegar-se ã essência da Religião, ao mesmo tempo, repitâmo-lo, como domínio especifico e como manifestação do Espírito em geral numa determinada época, no seio de uma determinada comunidade, é preciso seguir o movimento de seu devir; da mesma maneira, para saber o que significa esse conceito: Deus, convém compreender os diversos avatares de Deus até o momento em que ele é o que se tomou, isto é, o para si do Ser em si e para si.


A história hegeliana da Religião, como a história da Arte, é pois simultaneamente a análise dialética de um conceito e uma filosofia da História parcial estudando os diferentes momentos do devir do homem através de suas "ideologias religiosas" sucessivas.


Esse segundo aspecto é enfatizado pela Fenomenologia do espírito.


A consciência não "espera" — no desenvolvimento ao mesmo tempo lógico e histórico do texto — que o Espírito se conheça como Religião para ser religiosa. A exigência da demonstração leva Hegel a descrever, por várias vezes, em função de qual dialética, aqui ou ali, a consciência (tomada individual e abstratamente) exige a representação do Absoluto em si e para si, nele se reconhece
e se perde. Mas isso ainda não é a religião: esta só é pensável e vivível em função do Espírito, isto é, da consciência (apreendida em sua individualidade abstrata) superada, em função da comunidade.


Arte e Religião são as manifestações do Espírito enquanto caminha silenciosamente pelas sociedades e constitui sua unidade secreta.


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Deus. o espírito e a religião segundo Hegel.

O texto é mais amplo prossegue na discussão, mas esse trecho traz um todo capaz de se fechar.

Esse trecho foi um petardo nas minhas convicções de ateu. Me emocionou.

A emoção me chama para um lado, mas ao ver as atrocidades do mundo, as atrocidades sofridas, até onde pode o homem chegar em sua baixeza.

Deus não pode efetivamente existir. Não permitiria essa coisa que por aí anda. Em seu nome que fazem?

As religiões a quem servem? Os religiosos de todas as instituições, mesmo as que se dizem laicas, que fazem?

Não, efetivamente  não.


Paulo Cesar Fernandes

29/06/2015