sexta-feira, 17 de julho de 2015
20150717 Hegel_Fenomenologia_10 e 11
10 - [Noch weniger muss] Ainda tem menos razão essa temperança que renuncia à ciência, ao pretender que tal entusiasmo e desassossego sejam algo superior à ciência. Esse falar profético acredita estar no ponto central e no mais profundo; olha desdenhosamente para a determinidade (o horos) e fica de propósito longe do conceito e da necessidade, como da reflexão que reside somente na finitude.
Mas, como há uma extensão vazia, há também uma profundidade vazia; como há uma extensão da substância que se difunde numa diversidade finita sem força para mantê-la unida, assim há uma intensidade carente-de-conteúdo que, conservando-se como força pura e sem expansão, é idêntica à superficialidade.
A força do espírito só é tão grande quanto sua exteriorização; sua profundidade só é profunda à medida que ousa expandir-se e perder-se em seu desdobramento.
Da mesma maneira, quando esse saber substancial, carente-de-conceito, pretende ter mergulhado na essência a peculiaridade do Si, e filosofar verdadeira e santamente, está escondendo de si mesmo o fato de que - em lugar de se ter consagrado a Deus, pelo desprezo da medida e da determinação - ora deixa campo livre em si mesmo à contingência do conteúdo, ora deixa campo livre no conteúdo ao arbitrário. Abandonando-se à desenfreada fermentação da substância, acreditam esses senhores - por meio do velamento da consciência-de-si e da renúncia ao entendimento - serem aqueles
"seus" a quem Deus infunde no sono a sabedoria. Na verdade, o que no sono assim concebem e produzem são sonhos também.
11- [Es ist übrigens] Aliás, não é difícil ver que nosso tempo é um tempo de nascimento e trânsito para uma nova época. O espírito rompeu com o mundo de seu ser-aí e de seu representar, que até hoje durou; está a ponto de submergi-lo no passado, e se entrega à tarefa de sua transformação.
Certamente, o espírito nunca está em repouso, mas sempre tomado por um movimento para a frente. Na criança, depois de longo período de nutrição tranquila, a primeira respiração - um salto qualitativo - interrompe o lento processo do puro crescimento quantitativo; e a criança está nascida.
Do mesmo modo, o espírito que se forma lentamente, tranquilamente, em direção à sua nova figura, vai desmanchando tijolo por tijolo o edifício de seu mundo anterior. Seu abalo se revela apenas por sintomas isolados; a frivolidade e o tédio que invadem o que ainda subsiste, o pressentimento vago de um desconhecido são os sinais precursores de algo diverso que se avizinha. Esse desmoronar-se gradual, que não alterava a fisionomia do todo, é interrompido pelo sol nascente, que revela num clarão a imagem do mundo novo.
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Em primeiro lugar eu quero afirmar a poética do texto. Escrito entre 1806 e 1807, aos seus 36 anos, não perde a poética da juventude quando foi colega de turma de Hölderlin, este sim se fez poeta de expressão nacional na Prússia que veio a ser mais tarde a Alemanha. Mas...
De que trata nesses parágrafos o Professor?
Segundo pude perceber, da incessante aquisição de conhecimentos do Ser, a ocorrer no Tempo e no Espaço. Um processo que se aprofunda no ousar do Ser. Quando este se arroja numa busca de Si Mesmo e do próprio desenvolvimento (...ousa expandir-se e perder-se em seu desdobramento.).
Todo esse processo não tem um estipulado tempo. Ocorre, num determinado momento, o Ser ter uma visão mais ampla e clara de Si e de tudo ao seu redor. É capaz de formular e reformular conceitos. Chegou ao ponto da maturidade. Talvez o que as doutrinas orientais chamem de Sabedoria.
Para mim a sabedoria tem uma outra característica. É composta pelo domínio das Leis ou Ciências da Natureza (física; biologia; química; etc.) e pelo elemento da Eticidade, o agir dentro de éticos parâmetros.
A Maturidade para Hegel, segundo compreendi, tem como premissa o desenvolvimento amplo da Razão.
Paulo Cesar Fernandes
17/07/2015
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