Presença do conceito do espírito
Nos anteriores 175 itens se demonstra da sensibilidade do ser e de sua relação com os objetos (Entes) do mundo.
Como se dá esse fenômeno. Desmembramentos. Distinções de propriedades.
Muito complexo esse texto. Mil limitantes encontrei. E não sei se dei conta. Mas neste ponto sei o que se apresenta.
Me fascina ser um texto de 1807, quando Hegel, após ter dados seu curso na Universidade de Jena o apresenta ao mundo.
Note bem que apenas 50 anos mais tarde Allan Kardec lançaria " O Livro dos Espíritos".
A morte de Hegel por cólera em 1831 me leva a crer, sendo apenas uma crença mesmo, na participação deste na equipe de Allan Kardec. Isto pelo fato das ideias apresentadas por Kardec serem apenas uma simplificação do arcabouço teórico de Hegel.
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Hegel
Fenomenologia do Espírito
176 - [In diesen drei] Nesses três momentos se completa o conceito da consciência-de-si:
a) O puro Eu indiferenciado é seu primeiro objeto imediato. [Aqui temos o Ser, Alma ou espírito.]
b) Mas essa imediatez mesma é absoluta mediação: é somente como o suprassumir do objeto independente; ou seja; ela é desejo. A satisfação do desejo é a reflexão da consciência-de-si sobre si mesma, ou a certeza que veio-a-ser verdade. [Aqui encontramos a corporeidade, o corpo, o espírito encarnado.]
c) Mas a verdade dessa certeza é antes a reflexão redobrada, a duplicação da consciência-de-si. A consciência-de-si é um objeto para a consciência, objeto que põe em si mesmo seu ser-outro, ou a diferença como diferença de-nada, e nisso é independente. [O espírito, encarnado ou desencarnado mas ciente de si. Consciente de sua existência.]
A figura diferente, apenas viva, suprassume sem dúvida no processo da vida mesma, sua independência, mas junto com sua diferença cessa de ser o que é. Porém o objeto da consciência-de-si é também independente nessa
negatividade de si mesmo e assim é, para si mesmo, gênero, universal fluidez na peculiaridade de sua distinção: é uma consciência-de-si viva.
[O item seguinte tratará do conceito do espírito como Liberdade e Independência.]
177 - [Es ist ein] É uma consciência-de-si para uma consciência-de-si. E somente assim ela é, de fato: pois só assim vem-a-ser para ela a unidade de si mesma em seu ser-outro. O Eu, que é objeto de seu conceito, não é de
fato objeto. Porém o objeto do desejo e só independente por ser a substância universal indestrutível, a fluida essência igual-a-si-mesma. Quando a consciência-de-si é o objeto, é tanto Eu quanto objeto.
Para nós, portanto, já está presente o conceito do espírito.
Para a consciência, o que vem-a-ser mais adiante, é a experiência do que é esse espírito: essa substância absoluta que na perfeita liberdade e independência de sua oposição - a saber, das diversas consciências-de-si para si essentes - é a unidade das mesmas: Eu, que é Nós, Nós que é Eu.
A consciência tem primeiro na consciência-de-si, como no conceito do espírito, seu ponto-de-inflexão, a partir do qual se afasta da aparência colorida do aquém sensível, e da noite vazia do além supra-sensível, para entrar no dia espiritual da presença.
[para entrar no dia espiritual da presença => isto significa que o espírito É. Só.]
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Os negritos do texto são todos meus.
Paulo Cesar Fernandes
27/09/2015