quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A Razão na História - I. Os três métodos de escrever a História

A Razão na História:
Uma Introdução Geral à Filosofia da História



I.                 OS TRÊS MÉTODOS DE ESCREVER A HISTÓRIA

Métodos de lidar com a História:
1.      A história original;
2.      A história reflexiva;
3.      A história filosófica.

1.      (a história original)

Pag. 45-46

O historiador junta o curso fugaz dos acontecimentos e o deposita para a imortalidade no templo de Mnemósina. Mitos, canções folclóricas e tradições não são parte da história, mas continuam sendo costumes obscuros, característicos de povos não muito conhecidos. Aqui tratamos de povos que sabiam quem eram e o que queriam. A realidade observada e observável é uma base mais sólida para a história do que a transitoriedade dos mitos e dos épicos. Uma vez que um povo atingiu a individualidade estável, essas formas deixam de ser a sua essência histórica.

Traz aqui Hegel o primado da realidade. Despoja a história e sua narrativa da utilização dos mitos, canções folclóricas e tradições. Inserindo essas manifestações nos tempos em que um povo ainda não atingiu sua individualidade estável. Ouso dizer, na infância de um povo.


Pag. 47

Não existem tantos historiadores quanto se poderia pensar, cujo estudo minucioso e constante seja necessário se desejamos reviver a vida das nações, penetrando em seu espírito — historiadores que não apenas nos proporcionam erudição, mas um prazer autêntico e profundo. Já mencionamos Heródoto, o pai e fundador da história, e Tucídides; a Anábase de Xenofonte, um trabalho também original; os Comentários de César são a obra-prima singela de uma grande mente.
Na antigüidade, esses historiadores eram necessariamente grandes chefes e governantes. Na Idade Média, tirando-se os bispos que estavam no centro dos acontecimentos políticos, os monges, simplórios autores de crônicas, estavam tão isolados do curso dos acontecimentos quanto os homens da antigüidade a eles estavam ligados. Nos tempos modernos, tudo isso mudou.


2.      (a história reflexiva)

É a espécie de história que transcende o presente  -  não no tempo, mas no Espírito

2.a) A História Universal, ou seja, o exame da história de um povo; de um pais, ou do mundo.

Pag. 48

O principal aqui é a elaboração do material histórico. O historiador chega a isso com o seu espírito, que é diferente do espírito do material. O importante aqui é, por um lado, o princípio com que o autor aborda o conteúdo e o significado das ações e acontecimentos que descreve e, por outro lado, o seu próprio método de .escrever a história. Conosco, alemães, a reflexão e a compreensão variam muito nesses aspectos, e cada historiador insiste em seus meios e maneiras característicos. Os ingleses e os franceses têm um conhecimento mais generalizado de com o escrever a história, pois estão em um nível mais elevado de cultura nacional e universal. Conosco, cada um cria algo de peculiar para si e, em vez de escrever a história, continuamos tentando descobrir como a história deveria ser escrita.

A admiração de Hegel não se limita a Napoleão, mas à cultura francesa e inglesa. Neste caso, à maneira peculiar que ingleses e franceses escrevem sua história. Tida por Hegel por mais elevada.

Pag. 49

2.b) História Reflexiva Paradigmática

Ao se debruçar sobre o passado a mente o traz para o presente, como recompensa pelo seu trabalho.
Isto invalida o passado e torna presente o acontecimento.


Pag. 49-50

Em geral se aconselha a governantes, estadistas e povos a aprenderem a partir das experiências da história. Mas o que a experiência e a história ensinam é que os povos e governos até agora jamais aprenderam a partir da história, muito menos agiram segundo as suas lições. Cada época tem suas próprias condições e está em uma situação individual; as decisões devem e podem ser tomadas apenas na própria época, de acordo com ela. No torvelinho das questões mundiais nenhum princípio universal e nenhuma memória de condições semelhantes poderá ajudar-nos — uma reminiscência imprecisa não tem força contra a vitalidade e a liberdade do presente.


2.c) História Reflexiva Crítica

Temos aqui, da parte de Hegeluma análise crítica das narrativas históricas, quanto à sua veracidade e confiabilidade.


2.d) História Reflexiva Fragmentária

Ela é sucinta, mas, ao adotar pontos de vista universais – por ex.. história da arte; da Lei; da Religião – forma uma transição para a história filosófica do mundo.


Pag. 51

Mas, quando uma história reflexiva desse gênero consegue apresentar pontos de vista gerais e estes pontos de vista são verdadeiros, deve-se admitir que essas histórias são mais do que simplesmente o fio externo e a ordem de acontecimentos e ações, que elas são realmente sua alma interna e orientadora. Assim como Mercúrio, o guia das almas, a Idéia na verdade é o guia dos povos e do mundo; o Espírito, sua vontade racional e necessária, orienta e sempre orientou o fluxo dos acontecimentos mundiais. Nosso propósito é aprender a conhecê-la em sua função orientadora.

Quando há um Espírito, e este pleno de idéias se projeta no mundo, acaba interferindo e orientando o fluxo dos acontecimentos mundiais. Em última instância são as idéias, melhor dizendo, os ideais que orientam e dinamizam a história do mundo. Tenho certeza ser esta a concepção de Hegel.
PC


3.      (Método filosófico)

É o terceiro método da história.

Pag. 51

“...a filosofia da história não passa da contemplação ponderada da história. Pensar é uma das coisas que não podemos ajudar ninguém a fazer; nisto somos diferentes dos animais.”

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